Cláudio Castro: “O Brasil só será destino de grandes investimentos se oferecer segurança jurídica e política”

Governador do Rio de Janeiro critica instabilidade institucional e defende regras claras para concessões como chave para destravar o potencial econômico do país.

 

Em sua participação na 14ª edição do LIDE Brazil Investment Forum, em Nova York, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, foi direto ao ponto: para atrair capital estrangeiro, o Brasil precisa resolver suas fragilidades internas. Segundo ele, o país continuará fora do radar das grandes potências enquanto não garantir estabilidade institucional, previsibilidade regulatória e segurança jurídica.

“Não há como o Brasil querer falar no verdadeiro investimento internacional se ele não tiver uma regra clara para concessões, se não tiver uma regra clara para aqueles negócios que vão ser implantados no país”, afirmou.

Castro ressaltou que investidores globais priorizam ambientes seguros, estáveis e com regras do jogo bem definidas. A imagem de disputas entre poderes e de insegurança institucional afasta o capital e prejudica a competitividade do Brasil frente a outros mercados emergentes.

“Enquanto não tivermos um país onde haja alternância com tranquilidade, governo governando, oposição criticando de forma livre, dificilmente seremos um país atrativo”, destacou.

Rio de Janeiro como vitrine de recuperação e investimentos estratégicos

O governador aproveitou para apresentar exemplos concretos de como o Rio de Janeiro vem superando sua crise fiscal e se reposicionando como destino de investimentos. Citou empreendimentos como o Porto do Açu, coordenado pela americana EIG Global Energy Partners, além de investimentos robustos de multinacionais como Amazon, P&G, GE, Cisco, Microsoft e Intel.

“O Porto do Açu, por exemplo, é o maior porto de calado da América Latina, com um condomínio industrial de duas vezes o tamanho da ilha de Manhattan. É um potencial energético, logístico e econômico gigantesco, conduzido por uma empresa americana”, destacou.

Ele também mencionou a liderança do Rio na produção de petróleo e gás, no turismo e na geração de empregos, além de avanços em sustentabilidade, como a despoluição da Baía de Guanabara e a ampliação do saneamento básico após concessões de serviços.

“Após a concessão dos serviços de esgoto, já levamos água à casa de mais de um milhão de pessoas. Praias que estavam impróprias para banho há mais de 20 anos voltaram a ser frequentáveis. Estamos firmes na Agenda 2030, porque nenhum grande volume de investimentos vem para quem não estiver alinhado com a agenda ambiental”, reforçou.

Disciplina fiscal e credibilidade como trunfos para o futuro

Castro fez questão de lembrar que o Rio de Janeiro, após anos de dificuldades, pagou mais de R$ 20 bilhões em dívidas com a União sem gerar novos passivos para as futuras gerações. Para ele, essa disciplina é fundamental para reconquistar a confiança dos investidores.

“Mais importante do que passar por um momento difícil é não endividar o Estado para as próximas gerações. É isso que dá credibilidade e prepara o caminho para novos investimentos”, afirmou.