"Se não investirmos em ciência e tecnologia, vamos ficar para trás na história", alerta Barroso

Presidente do STF faz balanço institucional do Brasil, propõe caminhos para o desenvolvimento e compara os desafios nacionais com o modelo norte-americano, destacando inovação, produtividade e educação como eixos fundamentais.

Photo_Vanessa_Carvalho_lide_nyc_13052025_WILL2169Presidente do STF faz balanço institucional do Brasil, propõe caminhos para o desenvolvimento e compara os desafios nacionais com o modelo norte-americano. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi uma das vozes mais reverberantes no LIDE Brazil Investment Forum, realizado em Nova York. Em um discurso que transitou entre análise histórica, dados econômicos e propostas de futuro, o ministro defendeu que o Brasil precisa superar seus gargalos estruturais por meio de educação de qualidade, investimento em ciência e tecnologia e aumento da produtividade.

“Se nós não investirmos em ciência e tecnologia, nós vamos ficar de novo para trás na história”, alertou Barroso ao apontar a urgência de posicionar o país diante da nova revolução tecnológica liderada por inteligência artificial e inovação digital.

Comparações injustas, mas inevitáveis

Barroso iniciou sua fala com uma crítica às comparações superficiais entre Brasil e Estados Unidos. Ele recordou o contexto histórico das duas nações, destacando que os EUA têm instituições estáveis desde o século XVIII, enquanto o Brasil atravessou diversas rupturas até consolidar um ciclo democrático nos últimos 36 anos.

“Essa é uma corrida de 100 metros em que alguém começou 50 metros na frente”, comparou, ao descrever a herança institucional de instabilidade que o Brasil carrega.

O ministro também apresentou dados comparativos que ilustram a distância econômica entre os dois países. Enquanto o PIB per capita brasileiro gira em torno de US$ 10 mil, o dos EUA ultrapassa US$ 65 mil. A taxa de juros de 14,75% no Brasil, frente aos 4,5% americanos, foi citada como um reflexo — e não causa — das dificuldades fiscais do país.

Luis Roberto Barros_STF_Foto_ Vanessa Carvalho_LIDE (2)Barroso se posicionou contra comparações superficiais entre Brasil e Estados Unidos. (Foto: Vanessa Carvalho/LIDE)

O papel das instituições e a judicialização brasileira

O presidente do STF reconheceu o excesso de judicialização no Brasil — são quase 84 milhões de processos em curso —, mas ressaltou que isso se deve em parte à abrangência da Constituição brasileira, que trata de temas que em outros países são deixados à esfera política.

“No Brasil, é mais difícil traçar a fronteira entre direito e política, e por isso dizem que o Supremo se mete em tudo. Mas é a Constituição que nos coloca ali.”

Brasil que dá certo e aposta no futuro

Barroso fez questão de destacar áreas em que o Brasil já é referência global, como o agronegócio, as urnas eletrônicas, o sistema bancário, o PIX e a produção de energia limpa.

“Em dois séculos, saímos do escambo e do analfabetismo para nos tornarmos a 10ª economia do mundo e a 4ª maior democracia. Isso é uma história de sucesso.”

Em tom otimista, Barroso encerrou sua fala com um chamado à ação coletiva: “Se erradicarmos a pobreza, investirmos em educação e ciência, com ética pública e privada, o Brasil pode ser a sensação do mundo”.