“Sem engajamento, o Compliance fracassa”, diz especialista

Autoridade em Compliance no Brasil alerta que, sem o envolvimento dos funcionários, os programas de ética e integridade dificilmente terão sucesso nas empresas.

Wagner Giovanini DivulgaçãoWagner Giovanini - Sócio diretor da Compliance Station (Foto: Divulgação)

 

Desde o boom de investigações gerado pela Operação Lava Jato, muito se fala em Compliance no Brasil. Mas o sistema, que visa garantir a ética e a integridade nas empresas públicas e privadas, ainda é pouco compreendido por quem mais se beneficia dele: o empresário e os seus colaboradores.

Na prática, contar com um Programa de Integridade – o Compliance – traz resultados tanto para a empresa quanto para os profissionais que dela fazem parte, mas o sucesso das ações depende das duas partes. “O engajamento começa com a alta direção. Além de apoiar, ela deve dar o exemplo, liderando os demais funcionários para se envolverem no Compliance. Essa é a primeira medida, pois sem esse apoio, nenhum sistema se sustenta”, aponta o especialista Wagner Giovanini.

Segundo o expert, sem o envolvimento dos funcionários, o Compliance está fadado ao fracasso. “Após implementado, o engajamento interno passa a ser preocupação constante do responsável pelo Sistema de Compliance. A comunicação e a sensibilização devem ser práticas regulares para manter a chama acesa desse programa. É como regar uma planta. Se deixá-la por conta própria, ela pode morrer”, garante Giovanini.

Como transformar profissionais em agentes de Compliance

Não há ninguém melhor do que os funcionários para disseminar a Cultura de Integridade em uma empresa. No entanto, é preciso que, antes, eles também sejam atraídos para o tema e realmente entendam do que se trata na prática. Por isso, os treinamentos e a comunicação adequada são fundamentais para que o Compliance funcione.

Assim, a reação em cadeia é certa: os próprios colaboradores se colocarão como agentes de Compliance ao cobrarem dos colegas uma conduta ética, transparente e responsável. “As empresas são formadas por pessoas e são elas que fazem o certo ou o errado”, lembra Giovanini, que é um dos fundadores da tríade de empresas Contato Seguro, Compliance Total e Compliance Station, com sede em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

De acordo com o especialista, basta fazer com que os profissionais enxerguem soluções para problemas que eles mesmos enfrentam em suas rotinas, como exposição a condições humilhantes, exigência de metas inatingíveis, desrespeito, ofensas públicas e sobrecarga de trabalho.

Se, ao explicar as medidas de Compliance, os cenários apresentados forem familiares para os funcionários, mais facilmente eles conseguirão entender a importância do Programa de Integridade, que impacta diretamente na sua saúde e desempenho profissional. 

Para tanto, é preciso citar situações próximas à sua realidade para que eles consigam se enxergar nas transformações que virão pela frente. Só assim – apontando e validando os benefícios do Compliance – será possível criar uma atmosfera de confiança e de credibilidade no ambiente interno.

Compliance: mudança de dentro para fora

O que se espera, no cotidiano profissional, é que as próprias equipes se oponham a sinais de bullying, abuso de autoridade, discriminação, assédio moral ou sexual, fraudes, desvio de verbas, conflitos de interesses e qualquer outra irregularidade ou conduta inapropriada. Não há dúvida: as correções começam no interior das empresas.

Do contrário, o Programa de Integridade tem grandes chances de se tornar uma iniciativa para “inglês ver”, e não existe lógica em adotar um Compliance de fachada, não é mesmo?

Afinal, os resultados advindos das boas práticas só serão alcançados se elas estiverem acontecendo, de fato. E, para isso, é imprescindível que todas as esferas da organização estejam alinhadas com os mesmos princípios – desde a alta direção até o nível operacional, por exemplo.