"É importante a conscientização da sociedade de que o dado de saúde deve ser compartilhado entre instituições públicas e privadas", defende Alexandre Tunes

Sistemas digitais promovem agilidade e efetividade em tratamentos e diagnósticos, além de aproximar médicos e pacientes.

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Alexandre Tunes, da InterSystems no Brasil: todos buscam ações rápidas. (Foto: Divulgação)

O eHealth ou saúde digital tem se tornado realidade para muitas empresas brasileiras que estão atuando na vanguarda e investindo na prestação de serviços. Entre as inúmeras ferramentas proporcionadas pela tecnologia remota com foco na melhoria de processos clínicos, estão os serviços de Prontuário Eletrônico (ePaciente), Big Data, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), entre outros. Além de melhorar a experiência dos usuários, tanto médicos como pacientes, as inovações tornam o meio de atendimentos mais ágeis e simplificados, geram maior segurança no processo de tomada de decisão por meio de um acesso ubíquo às informações dos pacientes e um contato mais próximo por meio de ferramenta de acompanhamentos baseados em aplicativos.

Primeira empresa do país a desenvolver esse tipo de solução utilizando as novas plataformas móveis Android e iOS, a MTM Tecnologia, coleciona alguns cases de sucesso no segmento da saúde. “Logo que lançamos as primeiras soluções o número de hospitais no mundo que utilizavam apps era praticamente nulo. Além disso, por restrições de segurança, muitos países desenvolvidos ainda possuem sérias limitações em adotar essas tecnologias mesmo quando é revelado todas as garantias de que é extremamente seguro”, relembra Gustavo Perez, diretor-executivo da MTM Tecnologia.

Em relação ao critério adotado pelas instituições de saúde, Perez revela como foi o reconhecimento da empresa em relação a essa demanda. “São estruturas complexas que envolvem muitos players com pacientes, corpo clínico, fornecedores. As empresas que desenvolvem tecnologia de ponta para essas instituições precisam entender como impactar os vários stakeholders melhorando o resultado alcançado com a adoção da tecnologia. É preciso considerar também que uma operação hospitalar não passa apenas pelo tratamento clínico. Existem vários desafios administrativos que podem ser solucionados com tecnologia.”

Vidas e economia

Vale lembrar que o mais importante é que o eHealth não só diminui os custos operacionais e evita desperdício de recursos, como amplia a assistência facilitando o acesso dos pacientes aos tratamentos de saúde. Com isso, os médicos também ganham novas ferramentas tecnológicas capazes de empoderar sua atuação na realização de diagnósticos cada vez mais precisos e ágeis.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é fundamental aproveitar o poder das tecnologias digitais para que se alcance a cobertura universal de saúde e que essas tecnologias digitais não são um fim em si, mas sim, ferramentas vitais para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir aos vulneráveis.

Como exemplo deste empenho, no mês de abril o Grupo UniHealth Logística Hospitalar anunciou o lançamento do primeiro sistema beira-leito 100% mobile, agregando todas as informações dos pacientes no dispositivo de identificação e monitoramento e administração de medicamentos da enfermagem. O objetivo é consolidar o acesso, input e controle das informações durante o período de internação, com ganhos para todos os envolvidos no atendimento.

A tecnologia foi desenvolvida a partir da necessidade da confirmação da administração dos medicamentos em tempo real, a fim de garantir a rastreabilidade dos produtos dispensados aos pacientes, e evolui para abranger os gaps de informação dos cuidados e procedimentos de enfermagem administrados aos pacientes. “São informações que nos permitem enxergar, por exemplo, necessidade de alterações de receitas, interações, alergias, complicações e tantos outros fatores que podem mudar dentro da evolução do doente e que costumam se perder entre as trocas de plantões e notificações de prontuário realizados posteriormente”, relata Mayuli Fonseca, diretora de novos negócios do Grupo UniHealth.

Diferente dos atuais sistemas existentes, com informações básicas de identificação do paciente, e muitos dos quais ainda dependentes do deslocamento de um computador até o beira-leito, o novo dispositivo coloca na palma da mão da enfermagem, via plataforma mobile, todos os dados do paciente, como queixas de dor, pressão arterial, pulso, temperatura, trocas de curativo, remoção de pontos, frequência de respiração, aferição de dextro, débito em dreno, banho matinal, entre outras informações.

“Se você pensar que em média cada auxiliar de enfermagem é responsável por até seis pacientes, e cada enfermeira(o) por até 10, tendo de dividir ou carregar os computadores, realizar atendimentos de emergência, passagens de plantões, e que nem sempre as informações estão disponíveis em tempo real ou são de fácil acesso, fica claro o quanto o novo sistema enriquece o atendimento e a segurança de dados tanto para o profissional quanto para o paciente”, contextualiza Mayuli

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Mayuli Fonseca, do Grupo UniHealth: informações inteligentes. (Foto: Divulgação)

Mais dados

Em 2019, a Unimed Grande Florianópolis, decidiu investir em seu ecossistema de inovação ao criar um Hub de chamado de Base_U, na Associação Catarinense de Tecnologia, Acate, para dialogar e se conectar com startups e empresas de tecnologia, iniciativa essa que partiu do CEO Richard Oliveira. “O Robô Laura ajuda a identificar casos de infecção generalizada (a sepse), além de outros agravos na saúde do paciente. Responsável por monitorar e analisar por meio de machine learning (aprendizado de máquina) dados como idade, sexo, sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura), saturação de oxigênio e glicemia”, fundamenta Oliveira.

De acordo com o CEO, a inteligência artificial empregada no Laura permite coletar e analisar dados dos pacientes internados a cada 3,8 segundos. Além disso, o robô integra-se com resultados de exames laboratoriais e com os horários das prescrições médicas do paciente, permitindo identificar em tempo real agravos em sua saúde, se houver. Em situações de maior criticidade, alertas via SMS podem ser enviados para um time de resposta rápida composto por médicos e enfermeiros. O Diretor Técnico do Hospital Unimed Grande Florianópolis, Gabriel Gustavo Longo, não tem dúvidas de que a ferramenta representa uma evolução na segurança do usuário. “Auxilia a equipe assistencial a monitorar e identificar de forma precoce os pacientes hospitalizados que apresentam deterioração do seu quadro clínico, como acontece nos casos de sepse. Essa é uma condição clínica grave, preocupante em todo mundo, que leva ao óbito em percentuais variáveis, podendo chegar a, aproximadamente, 55% em alguns casos.”

“O Samel Health Tech faz parte do ciclo de investimentos da instituição no pilar Ensino, Pesquisa e Inovação, que tem como objetivo incorporar conceitos e práticas, fomentar o desenvolvimento de soluções, criar novos produtos e contribuir para a formação e aperfeiçoamento profissional do setor de saúde”, diz o diretor-presidente do Grupo Samel, Luís Alberto Saldanha Nicolau.

Também com o objetivo de aprimorar a oferta de inovações para a área de healthcare, o Grupo Samel de Hospitais e Operadoras de planos de saúde investiu em um polo tecnológico de pesquisa e desenvolvimento clínico e hospitalar em Manaus. O projeto recebeu aporte de R$ 5 milhões e conta com atribuições para robótica, impressoras 3D, aplicações de realidade virtual, sistemas de melhoria processual e até recursos de Inteligência Artificial. Os investimentos devem auxiliar o grupo, que atua na região amazonense há mais de 40 anos, a descobrir novas formas de atender o setor.

Atualmente, o Samel Health Tech conta com dois projetos: a startup HealthD, que projetou um smartwatch capaz de fazer monitoramento de sinais vitais de forma precisa e personalizada para cada usuário; e o Mouse Ocular, que usa visão computacional, em parceria com o professor Manuel Cardoso, da Universidade Federal do Amazonas, possibilitando a pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) se comunicarem por meio de câmeras de computadores e o movimento da íris.

A Inteligência Artificial também já está implementada no polo em diversos pilares de funcionamento: é por meio dela que as diversas equipes do centro têm auxílio computadorizado e estatístico nas tomadas de decisões importantes, como monitoramento de tempos de espera de hospitais nos últimos anos. Um projeto de destaque neste caso, é um piloto iniciado em 2020, que envolve a detecção de diabéticos em estágio inicial, bem como a avaliação da deteriorização e minimização de impacto na vida dos pacientes. “Com o uso de conceitos como deep learning e machine learning - dois braços da inteligência artificial -, podemos usar dados cada vez mais concretos e consistentes para fazer com que nossas máquinas tenham um pensamento cada vez mais humano”, explica Luís Alberto Saldanha Nicolau. “Desta forma, uma máquina humanizada pode compreender os preceitos médicos e, assim, atuar em conjunto com profissionais do setor na realização de diagnósticos de uma forma mais precisa”.

Jornada do paciente

No Brasil desde 2001 e operandoem diversos segmentos, a InterSystems se destaca na área de saúde por meio de soluções que potencializam uma nova experiência em gestão de dados e conexão entre gestores, médicos e comunidades científicas. O objetivo da empresa, nesse caso, é a excelência da qualidade ao oferecer uma jornada perfeita ao paciente. ]

Para AlexandreTunes, country manager da InterSystems no Brasil, em um momento de tanta incerteza e ameaça global à saúde, surge a oportunidade, como em toda crise, de aprender e desenvolver novos conhecimentos. “O volume e a complexidade dos dados que precisam ser acessados e analisados é enorme, extremamente heterogêneo e contido em silos de diferentes tecnologias. Agora todos buscam respostas e ações rápidas de caráter vital. Definir estra- tégia passa por analisar dados puros de origem, fidedignos, complexos e oriundos dos diversos sistemas clínicos, demográficos e de gestão, o que denominamos como Healthy Data”, diz.

Tunes explica que as tecnologias oferecidas pela empresa promovem a integração de dados relevantes de saúde que acompanham a jornada do paciente, o que leva ao profissio nal de saúde a informação certa na hora adequada. “Essa continuidade do cuidado e eficiência resultam em redução de custos financeiros e sociais. Cada vez mais é importante a conscientização geral da sociedade de que o dado de saúde deve ser compartilhado entre instituições públicas e privadas para o benefício de todos e ações efetivas, principalmente tempestivas”, avalia.