Adoção de IA pode adicionar 13 pontos percentuais ao PIB do Brasil até 2035, em meio à reconfiguração da economia global, diz PwC
A rápida reconfiguração econômica acelera a necessidade de reinvenção dos modelos de negócios das empresas. Em 2025, US$ 7,1 trilhões poderão mudar de mãos – US$ 130 bilhões no Brasil.
Marco Castro, CEO da PwC Brasil. (Foto: Divulgação)
Um estudo publicado hoje pela PwC revela que a Inteligência Artificial tem o potencial de adicionar ao PIB do Brasil até 13 pontos percentuais ao longo da próxima década. Globalmente, esse incremento pode chegar a 15 pontos - o que representaria o acréscimo de mais de um ponto percentual às taxas de crescimento anuais, algo comparável ao ocorrido com o processo de industrialização do século 19.
O relatório da PwC, Value in Motion, é baseado em análise de cenários por meio de dados segundo os quais esse crescimento adicional resultante da IA não é garantido e depende de muito mais que seu sucesso técnico: a implementação responsável, uma governança clara e a capacidade de conquistar a confiança da sociedade e das organizações são elementos essenciais.
O estudo conclui que uma rápida reconfiguração da economia já está em andamento. Segundo a análise da PwC, a pressão para que as empresas se reinventem está em seu nível mais elevado dos últimos 25 anos, em 17 de 22 setores econômicos globais. O estudo identificou US$ 7,1 trilhões em receitas que podem ser transferidas entre empresas apenas em 2025, antes mesmo dos impactos do recente aumento global de tarifas. No Brasil, o valor neste ano é de US$ 130 bilhões.
Na próxima década, as diversas indústrias vão se reconfigurar para atender às necessidades da humanidade, levando à formação do que a PwC chama de “domínios” que expressam o novo desenho das fronteiras setoriais. Por exemplo, o avanço dos veículos elétricos está trazendo fornecedores de energia elétrica,
fabricantes de baterias, empresas de tecnologia e outros players para o domínio da mobilidade, permitindo que criem valor ao lado dos fabricantes de automóveis.
“À medida que a estrutura da economia se transforma, o valor virá cada vez mais de organizações que conseguirem conectar os pontos através das fronteiras dos setores tradicionais. Ao se concentrar na constante evolução das necessidades dos clientes e na adoção da tecnologia para transformar dramaticamente o modo como suas empresas operam, os líderes empresariais poderão estabelecer um novo patamar para o crescimento de seus negócios”, diz o CEO da PwC Brasil, Marco Castro.
De acordo com o estudo, sem uma implementação responsável da IA e sem a confiança do mercado e sociedade em sua adoção, o potencial de crescimento extra se reduziria a apenas 1 ponto percentual; um cenário intermediário situaria esta projeção em 8 pontos percentuais, onde uma menor confiança com colaboração reduzida estaria presente. No Brasil, esses impactos seriam de 0,6% e 6,5%, respectivamente.
Impacto climático
Em sua análise, a PwC mostra que, enquanto a IA está posicionada para acelerar o crescimento, os custos dos riscos climáticos físicos vão impor restrições econômicas. A modelagem econômica da PwC indica que os riscos climáticos físicos podem reduzir o tamanho da economia global em 7% até 2035. É esperado que a adoção da IA ampliará o consumo de energia por data centers de maneira relevante. No entanto, um uso modesto de IA para promover eficiência energética poderia compensar esse aumento. A PwC estima que o uso de energia e o
impacto das emissões resultantes da IA seriam neutros se cada ponto percentual adicional de uso de IA levasse a inovações que reduzissem a intensidade energética em apenas 0,1%.