Líderes e gestores devem evitar procrastinação em tomadas de decisões difíceis

Uranio Bonoldi, escritor e especialista em tomada de decisão, carreira e negócios, autor de “Decisões de alto impacto”, fala sobre a importância no cuidado do trabalho do líder

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Uranio Bonoldi, escritor e especialista em tomada de decisão, carreira e negócios, autor de “Decisões de alto impacto” (Foto: Divulgação)

O trabalho do líder de uma empresa é, naturalmente, cheio de desafios e responsabilidades, e nem todas as tarefas são agradáveis. Especialmente quando são necessárias tomadas de decisões difíceis, daquelas que terão um grande impacto para a empresa - o fechamento de um contrato, a compra de outra empresa, o encerramento de uma unidade, a contratação ou o desligamento de um colaborador de alto nível hierárquico, etc. Porém, gestores não podem se deixar levar pela insegurança. O mais correto seria priorizar as tarefas difíceis para, justamente, tirá-las de suas preocupações.

Sempre oriento que essas atividades mais delicadas, que muitas vezes geram até um incômodo e que vão sendo postergadas ao longo dos dias, devem ser atacadas primeiro. De preferência, nas primeiras horas do dia, ou em um momento em que se esteja descansado o suficiente para a tomada de uma decisão mais racional e consciente. A procrastinação pode ser sinal de fuga das responsabilidades, e com ela corremos o risco de perder o controle daquilo que estamos gerindo, o que é mau para os negócios, porque o time sente a insegurança do líder.

Ter agilidade nas tomadas de decisões, porém, não significa ter pressa: afobar-se no processo decisório pode levar a equívocos. Quando a decisão demora a ser tomada porque há muitas variáveis ainda a serem consideradas, então o tempo realmente se faz necessário para uma análise mais precisa. Agora, se a demora se dá porque o líder está evitando de alguma forma o assunto, sente preguiça de se debruçar sobre o problema ou se sente sempre indisposto quando pensa no que precisa ser feito, aí estamos lidando com algo que está ligado ao comportamento, que só o líder pode resolver consigo mesmo.

Assim, o autoconhecimento pode ser uma ferramenta de grande importância para se lidar com a procrastinação, tanto na identificação das raízes do problema quanto para a busca por soluções práticas. Muitas vezes a necessidade de tomar uma decisão complexa pode despertar gatilhos muito íntimos, pessoais, por isso é recomendável uma avaliação interna, buscando formas de superar esses bloqueios. Quando conhecemos a nós mesmos, temos clareza de quais causas podem estar ativando gatilhos que nos fazem procrastinar e, com isso, é possível neutralizar o comportamento nocivo.

A criação de uma rotina de trabalho mais estruturada pode ser um facilitador, como criação de listas e/ou planilhas com um cronograma para a organização das atividades a serem realizadas, as decisões que serão tomadas, sinalizando quais terão prioridade. A organização pessoal do líder é peça fundamental, porque pode se refletir em toda a cultura da empresa e faz com que as demais atividades fluam com maior naturalidade. Além disso, é importante manter a gestão do tempo e estipular os melhores momentos de distração e descanso, para não se perder em redes sociais e plataformas de streaming. Certamente que lazer é importante até mesmo para manter o bom desempenho no trabalho, mas é necessário estabelecer limites, distraindo-se apenas em momentos destinados para isso. Assim, líderes podem assegurar que as decisões mais difíceis serão tomadas gerando o mínimo de desgaste possível.